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terça-feira, 14 de agosto de 2012

CARTA aos VIVOS.


Pare! Somente por um instante e imagine-se morto.
Teu corpo descansa agora sobre uma pedra fria do necrotério.
Tua nudez não envergonha aqueles que te olham, sem mistério.
Você é tão comum quanto qualquer outro, não tenha pressa,
já não adianta; um caixão e uma cova aguardam teu corpo em sepulcro. Você esteve tão ausente e de repente... De onde saíram todos esses amigos, que agora choram por você. Teu mundo era tão pequeno; teu computador, um cachorro, um filho _ que você nem quis conhecer.

Dinheiro? De que importa agora. Quanto ele vale para você?
Você morreu! Neste momento alguém prepara uma coroa de flores com teu nome, “Saudades dos amigos” , “Saudades da família”... 
Emoções tão fingidas quanto as que você dizia ter. 
Não! Não corte tua imaginação agora. Lembre-se das viagens, das fantasias, das mulheres e do conforto que teu dinheiro pagava... Apenas reflita, enquanto fazemos um minuto de silêncio em tua homenagem.
Teu caixão como qualquer outro descerá á campa, teu jazigo receberá uma placa, aqui jaz “Fulano”, “Descanse em paz”. Para onde vais; tua rebeldia e abnegação serão lembradas e atribuídas somente a ti, teu dinheiro não será contado, mas tua alma receberá o ônus dos vossos pecados. Agora, volte meu amigo vivo, a teu mundo terreno, a tua realidade insólita; serão dignas as escolhas que fazemos?


por Sandro Colibri em 28/11/2006 Reeditado em 22/11/2010 
Código do texto: T304211